Um pobre entre os pobres
A descrição poética mais bela e significativa da Bíblia sobre a figura eterna do Pobre de Deus é a seguinte: “Eis aqui meu amado Servo... Ele não gritará nem elevará seu tom, ninguém ouvirá sua voz na rua. Não quebrará a cana dobrada e não apagará o pavio moribundo ”(Is. 42, 1-3).
Estamos diante da figura comovedora do Pobre de Nazaré: um pobre entre os pobres, revestido de mansidão e misericórdia. A sua voz e doce como o alento da brisa que passa. Igual que as estrelas quando submergem na silenciosa profundidade, ninguem na rua escutara a sua voz. Passou entre nos, nas asas da noite, envolto no manto de silencio, derramando na sua passagem raios de luz e sementes.
Passara por cima da cana quebrada com a suavidade de uma mariposa e nao soprara, como o vento da tormenta, sobre a mecha fumegante. Foi pelas praças e mercados, recolhendo lagrimas e trocando-as por perolas. Fez do silencio a sua morada e ninguém escutou o seu grito na noite.
Com tudo isso, quis dizer o Profeta que Cristo não tomou ares de autoridade nem levantou a voz, que falou com silenciosa mansidão e benignidade; que onde havia uma cana espezinhada não a maltratou para reduzi-la a pó, mas inclinou-se para o chão para recuperá-la com mãos delicadas, e a mecha fumegante insuflou delicadamente espírito e vida. Tudo isso era um símbolo poético de como Isaias contemplou Jesus, Servo de Deus, vestido de silencio e de doçura.
Cartas Circulares 1-28 de Frei Inácio Larrañaga
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